Sempre soube que ele estava lá naquele pedaço de papel. Sempre soube... Ele também está lá esperando naquela música que agora reluto em escutar. Lá está ele. Eu o guardo, o cuido. Todos os dias passo por ele, mas apenas passo, lembrando que na verdade ele está lá, bem cuidado, a salvo da poeira mental... No entanto, ele insiste em conclamar, em atarantar e me rechear de idéias às quais levei anos treinando o meu cérebro para refutar. O cérebro pode ser às vezes um lugar bem inóspito, ele me mostra. Não adianta. Ele escarafuncha e abre brechas. Não posso nem dizer que invade, pois já estava lá, só que guardado, desligado. Não adianta. Insiste em me açoitar e quanto mais me precavenho de sua presença, mais tenho certeza de sua constância. Decido não escutar aquela música e lá está ele; volume intenso. Evito aquele perfume, aquele caminho... Ando mais longe e paro no mesmo lugar. "Pelo menos deixa eu me acostumar", eu peço. Cruel, ele me chama de hipócrita e tem razão, pois está sempre comigo, de fato. Ah... pensamento... você sempre ganha.
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